Exmo. Sr. Prefeito Eduardo Paes
AC/ Presidente da Comissão Parlamentar
Da Democratização da Comunicação e da Cultura
Sr Verador Reimont
Rio de Janeiro, 10 de Junho de 2011.
Prezado Prefeito,
Sabedores de vosso honrado espírito de homem público, representando corpo e pensamento de nossa cidade e cidadãos, venho solicitar vossa apreciação ao assunto levado por nós ao senhor Vereador Reimont, refiro-me ao importante projeto de memória da arte educação carioca e brasileira, o acervo, legado e instituição da artista plástica e arte educadora Maria Teresa Vieira (1932-1998), patrimônio cultural material e imaterial preservado pelo Centro de Arte homônimo que dirijo, e com mais de 400 obras de arte, além de centenas de manuscritos que documentam pensamentos e reflexões da artista educadora sobre o papel transformador da arte educação, estão em risco de ir para um depósito da Prefeitura.
Portanto venho encarecidamente solicitar reavaliação da Notificação de Desocupação (nº496/2011), datada de 27 de maio de 2011 e assinado pelo Superintendente de Patrimônio Imobiliário/SMF, e propor a Prefeitura do Rio de Janeiro o reposicionamento de uma nova parceria no intuito de consolidar o Centro de Arte Maria Teresa Vieira como importante referência da arte educação brasileira, oferecendo alta qualidade no ensino de arte educação e artes visuais, um poderoso instrumento de consciência individual e de formação de cidadania.
Alagoana, radicada no Rio de Janeiro desde seus 18 anos de idade, quando chegou sozinha e com uma bolsa de estudo concedida pela Câmara Municipal de Maceió, em 1950, para estudar na Escola Nacional de Belas Artes, a artista foi a pioneira na vanguarda da reabilitação social através da arte, da arte terapia e da educação inclusiva e formadora de várias gerações de artistas. Afirmar que ela foi a mais atuante arte educadora do país, em 46 anos de magistério e 50 de artes visuais, pareceria suspeito e redundante por ser seu filho, se, quem estivesse ao meu lado e assinando embaixo pelo que ela representa e pela seriedade e legitimidade de nossa instituição, não fossem pessoas tão comprometidas com a verdade de um tempo, com a arte e a cultura do Rio de Janeiro, como o são Ziraldo, Fernando Pamplona, Ferreira Gullar, Pedro Cardoso e Bili Blanco, Vitor Ortiz e Carlos Minc, como tantos outros reconhecidos e anônimos vivos, amigos ou filhos da arte de Maria Teresa, bem como Carlos Drummond, Rubem Braga, Jucelino Kubichek, Faiga Ostrower, Djanira, Edson Mota, Augusto Rodrigues, Walmir Ayala e tantos outros reconhecidos e anônimos que continuam através da suas obras e legado.
Manter o Centro de Arte é garantir a MEMÓRIA da cidade e preservar seu patrimônio cultural, refletindo a expectativa de diversos segmentos representativos da sociedade carioca e da comunidade de seu Centro Histórico, no pioneiro empreendimento privado, com doações da iniciativa privada, alunos e amigos,para a reconstrução de um imóvel próprio municipal que estava em ruínas devido a um incêndio, contribuindo na revitalização cultural da Rua da Carioca e Praça Tiradentes. E não paramos por aí, proporcionando também a primeira construção da Praça João Calvino/espaço Guignad, com isso conquistando respeito, admiração e total apoio da a comunidade de moradores, lojistas e instituições culturais da região.
Portanto, O Centro de Artes representa uma iniciativa embrionária no processo de revitalização da Praça Tiradentes, constituindo-se um EMPREENDIMENTO DE VANGUARDA, em uma época em que a Praça e o seu entorno apresentavam um retrato de abandono.
Felizmente a Prefeitura acreditou nas potencialidades do projeto da artista e sua instituição que beneficiou centenas de artistas e milhares de estudantes de forma gratuíta, porém, após sua morte, a ausência pela Prefeitura, de uma resposta em relação ao pedido de revisão contratual, engessou o Centro de Arte e inibiu quaisquer ações de auto- sustentabilidade, mas, representa um equipamento pronto, em atividade. Portanto, dentro do contexto de revitalização pelo qual a Praça Tiradentes passa hoje, e com o apoio professores de Belas Artes, artistas, educadores, Escolas Estaduais e Municipais da Rede Pública de Ensino aos quais desenvolvemos parceria, setor de museologia da UFRJ, UERJ, Uni Rio, Rotary Clube, Museu de Imagens do Inconsciente, Hospital Pinel, as Coordenadorias de Assistência Sociais/Rj., Fundação Lar Escola, Desipe, Fundação Santa Cabrini, Associação de Arte Educadores do RJ, Confaeb, a Sociedade dos Amigos da Rua da Carioca e a Associação dos Comerciantes da Praça Tiradentes.
Certos de contar com vosso apoio em nosso enlevado propósito Subscrevomo-nos
Atenciosamente
ARNALDO VIEIRA DE ALENCASTRE
CENTRO DE ARTE MARIA TERESA VIEIRA LTDA M.E.
SÓCIO-DIRETOR
INSTITUTO MARIA TERESA VIERA (OSCIP)